110.615, esse é o número de eleitores que vivem hoje nas cidades de Primavera do Leste, Campo Verde, Dom Aquino, Poxoréu, Santo Antônio do Leste, Paranatinga. Número que corresponde a 4.77% do eleitorado de todo estado de Mato Grosso. Eleitores suficiente para eleger pelo menos dois representantes na esfera estadual, e um na federal. Mas porque essa região tão rica em produção e responsável pela maior parcela do Produto Interno Bruto – PIB, não tem representantes em esferas políticas? 1i12r
Dos 24 deputados estaduais eleitos em 2018, não há nenhum que represente a região conhecida como Grande Primavera. A cidade mais próxima que possui representantes é o município de Rondonópolis que conseguiu eleger três deputados estaduais. Ao analisarmos os eleitos para deputado federal, o vazio político da região fica ainda mais evidente, pois maioria dos eleitos são de regiões distantes.
Sem representantes políticos nas esferas superiores, esses municípios acabam tendo que depender de ‘favores’ de quem foi eleito e recebeu votos fracionados na região e está de olho neste vazio político. O que no ponto de vista de analistas políticos é ruim, devido ao fato de não ter quem cobrar efetivamente para que mudanças aconteçam. “Esses municípios que não elegem representantes, eles são visitados por políticos de outras regiões que caçam votos, mas mantém sua base eleitoral na região de onde vem. Eles am de vez em quando por essas cidades, fazem promessas e vão embora. Aí vai um prefeito ou vereador destes municípios à Brasília ou a Assembleia e recebem uma atenção meia boca. Não é tratado, como representantes de alguém que tem voto ali”, explicou o analista político e jornalista Onofre Ribeiro.
De acordo com Onofre, essas regiões teriam condições de juntas elegerem deputados estaduais e federais, mas para isso precisaria de uma articulação política, e que principalmente as lideranças deixassem de lado o pensamento da política local, e assem a pensar nas possibilidades em outras esferas. “O eleitorado de Primavera do Leste, por exemplo, não é capaz de eleger um deputado estadual sozinho, teria que se fazer um planejamento regional, envolvendo outros municípios como Campo Verde, por exemplo. Mas as forças políticas locais ficam olhando apenas para o poder local. Isso é falta de estratégia, é um atraso político. Enquanto for assim, o município fica correndo o risco de ir perdendo terreno para outros que já perceberam isso”.
O fato destes municípios não conseguirem eleger nenhum representante, de acordo com o analista, se deve também a falta de organização entre as lideranças. “Esses municípios por falta de articulação que devem ser encabeçadas por lideranças políticas locais, não levantam os olhos para enxergar o estado, pois o foco acaba se tornando a política municipal. Um exemplo é Primavera do Leste, uma cidade com uma economia muito forte, tinha que ter representantes mais não tem. E por isso, fica um vazio, pois o que um representante faz na Assembleia e na Câmara Federal é trazer recursos e inserir esses municípios que eles representam, na política do desenvolvimento regional e estadual. Se não tem representantes, não tem quem defenda a vinda desses benefícios”.
O analista político ainda enfatiza que quem não tem representatividade é prejudicado. “Rondonópolis, por exemplo conseguiu uma força muito grande para trazer a ferrovia. Isso foi esforço de bancada. Sinop tem conseguido muita coisa importante em cima de bancada política. Sinop conseguiu ter uma unidade da Embrapa, isso é muito importante para o desenvolvimento de novas tecnologias. Por que atrai investidores, universidades e empresas de pesquisa, pois a Embrapa é muito respeitada. Isso é apenas um exemplo. Um município sem representação paga muito caro. Ainda que as representações custem muito caro, é um caro que acaba custando barato, pois o município se desenvolve e beneficia toda a população”.
Onofre Ribeiro ainda conclui que “Rondonópolis, Sinop, Várzea Grande, são regiões muitas espertas nisso. O resto dos municípios são muito fracos na questão de articulação”.
Nas últimas eleições majoritárias, haviam quatro representantes de Primavera do Leste disputando uma cadeira na Assembleia Legislativa de Mato Grosso – ALMT. Entre eles apenas um obteve a maioria dos votos da população. (Luis Costa, que obteve 13,91% dos votos válidos), porém não obteve votos suficientes para ocupar o cargo. Entre os eleitos, que receberam votos na cidade, estão representantes dos municípios da baixada Cuiabana, de Cuiabá e Rondonópolis.
Segundo Onofre, uma grande quantidade de candidatos na mesma região também atrapalha. É preciso se concentrar em poucos nomes e deixar de lado ‘picuinhas’ políticas. “Se as forças (políticas) locais não tiverem uma visão estratégica, de escolher nomes sustentáveis, para de fato elegê-los, vai ficar para trás sempre. Vai servir para eleger candidatos de outros municípios, que vão cuidar das prioridades dos municípios que representa e abandonar, onde os votos chegam pulverizados”, frisou o analista, que voltou a enfatizar que, “o pecado, está na falta de visão de estratégia de futuro dos representantes políticos locais”.
De acordo com dados do Tribunal Regional Eleitoral, Primavera do Leste, está entre as cidades que tem mais eleitores, o município ocupa a nona posição, na frente de cidades como Barra do Garças. Porém, a cidade não consegue eleger um representante desde 2014. O último foi Zeca Viana, que nas últimas eleições, em 2018, foi o segundo mais votado em Primavera do Leste. Apesar de ter conseguido votos em Paranatinga, Poxoréu e Campo Verde, perdeu nos três municípios, para candidatos de outras regiões e ficou fora da ALMT. “Primavera, só me lembro de ter um representante titular, a cidade perdeu o único que tinha, e isso é erro estratégico das lideranças políticas locais”, frisou Onofre Ribeiro.
Apesar da região conhecida como Grande Primavera, que compreende os municípios de Primavera do Leste, Campo Verde, Dom Aquino, Poxoréo, Santo Antônio do Leste e Paranatinga, ter conseguido alguns benefícios mesmo não tendo representantes nas esferas políticas. Como é o caso da instalação da ferrovia, empresa de bioenergia, frigoríficos, entre outros. O analista político alerta para a necessidade de um despertar para a política, caso contrário a região poderá sofrer duras perdas. “Primavera do Leste, por exemplo, já está com sua área de produção agrícola ocupada e, o caminho de Primavera é receber investimento para a industrialização, isso é inevitável. Isso se perde quando não há articulação política. Tem que ter representantes para defender os interesses. Primavera é um município grande, forte, com uma possibilidade econômica extraordinária, mais vai ser prejudicado, sempre, na medida que não tem voz para defender a cidade e a região. Precisaria, de uma mobilização de toda classe política, bem como de toda sociedade”.
Além de contar com a classe política, é preciso também que outras esferas se mobilizem para juntas cheguem a um denominador comum, para que tenham um nome, que possa ser eleito e então pressionado, pelo prefeito, vereadores, empresários, associação comercial, pelo CDL, por associações diversas ligadas aos setores da sociedade viva. “Esses municípios são usados, por aqueles que tem representantes e se beneficiam enquanto os votos dos municípios que não tem representantes, acabam sendo votos inúteis para a cidade e sendo uteis para candidatos de outras regiões”.
“A liderança, não enxergam o futuro, e se perdem na ambição de ter poder político local. Ter poder político local é muito bom para atender limpeza de rua, arrumar merenda, coisas menores. As coisas maiores e estratégicas têm que vir de uma articulação política estadual e federal, senão tem, fica sem”.
Onofre Ribeiro
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